Bahia conquistou o Brasil e levou milhares de pessoas às ruas de Salvador

Depois de quase 30 anos do lendário título de 1959, o Esporte Clube Bahia se tornava novamente campeão nacional e apesar de ser um título distante de casa, não impediu que as ruas de Salvador fossem tomadas pelas cores tricolores.

No entanto, este não foi apenas um título brasileiro conquistado por aqueles jogadores vestindo as cores branco, vermelho e azul. A equipe baiana conquistou a simpatia de centenas de milhares de torcedores por todo o Brasil, desde os tricolores gremistas no sul até os paulistas, chegando à encantadora Salvador. Com um futebol ofensivo, passou por cima de grandes clubes do futebol brasileiro tendo principalmente a Fonte Nova como trunfo.

Ronaldo, João Marcelo, Paulo Róbson, Gil, Zé Carlos e, principalmente, Bobô e Charles foram os grandes nomes da conquista nacional. Mas para entender ela é necessário voltar anos antes.

O Bahia estava com ‘problemas’. A equipe tricolor não encontrava adversários à altura dentro de casa e já era bicampeã estadual. Por isso, o presidente do clube, Paulo Maracajá, trouxe o técnico Evaristo de Macedo para a temporada, com a missão de levar o clube ao título do Campeonato Brasileiro. O Campeonato Baiano sequer era mencionado, pois era considerado uma obrigação vencê-lo. Com uma base praticamente idêntica às duas temporadas anteriores, o time tricolor já era forte, e Macedo aproveitou essa estrutura sólida para torná-la ainda melhor, incorporando jovens talentos das categorias de base. Jogadores como o zagueiro João Marcelo e o atacante Charles foram algumas das revelações a serem aproveitadas

O torneio estadual foi levado muito a sério pelo Bahia, que conquistou o tricampeonato consecutivo. A equipe venceu três das quatro fases do torneio, perdendo apenas um clássico para o Vitória por 1 a 0. Nos outros jogos, houve empates em 0 a 0, 1 a 1 e vitórias por 1 a 0, 3 a 1, 4 a 0 e 3 a 0, este último definindo o tricolor como campeão incontestável, com mais de 70 mil torcedores na Fonte Nova testemunhando os gols de Renato, Pereira e Osmar. O jogo foi encerrado antes dos 45 minutos devido a uma briga entre Tonhão, goleiro do Vitória, e Osmar, atacante tricolor. Como de costume, o Vitória tentou invalidar a partida, mas sem sucesso e o tricampeonato veio ao Tricolor.

Após a conquista do título estadual, o Bahia concentrou seus esforços no Campeonato Brasileiro. Naquele ano, devido a desentendimentos entre a CBF e o Clube dos 13 em 1987, o torneio teve um formato mais enxuto, com 24 times, em comparação com os mais de 30 ou 40 clubes que geralmente participavam da competição. Havia dois turnos, cada um com dois grupos, onde os dois primeiros de cada grupo avançariam para o mata-mata.

O Bahia conseguiu a vaga no mata-mata por ser o maior pontuador entre todos os não classificados, já que no seu grupo na segunda fase, o Vasco da Gama que já estava classificado pela primeira fase ficou novamente na zona de classificação, por isso, o Bahia herdou a vaga.

No mata-mata, o Bahia não soube mais o que era perder e despachou o Sport após dois empates, venceu o Fluminense nas semifinais em um histórico jogo com 110 mil pessoas na Fone Nova.

Na grande final, o Bahia veio desfalcado, mas conseguiu vencer o Internacional em casa por 2 a 1, de forma heroica de virada, com dois gols de Bobô e na volta segurou o Inter fora de casa, sendo campeão.