Histórias mais ABSURDAS da Fonte Nova foram contadas por torcedores

Após ser interditada para reformas em 2007, a Fonte Nova foi reinaugurada no dia 7 de abril de 2013. Batizada de Arena Fonte Nova, o estádio foi um dos palcos da Copa do Mundo de 2014 e continuou sendo a casa do Bahia desde então.

A antiga Fonte Nova foi inaugurada em 1951 e se tornou o principal estádio da Bahia. Com mais de 50 anos de história, muitos torcedores viveram momentos inesquecíveis no local e algumas histórias bem absurdas. Confira alguns relatos de torcedores sobre a Antiga Fonte Nova.

Primeiras lembranças de um menino apaixonado por futebol — Jorge Allan, comentarista da TV Bahia

Meu primeiro contato com a Fonte Nova foi lá pelos idos de 1969. Menino ainda, meio tabareuzinho vindo de Maraú para a cidade grande. Fui morar no Matatu. Um de meus irmãos mais velhos (Tetero) sempre me levava para a Fonte Nova – sempre andando, era ali pertinho, as ruas eram seguras. Ele era Bahia e só me levava para ver jogos do Bahia. 

Na minha rotina infantil tinha escola (ê saudade do Colégio Bom Jesus dos Milagres, minha primeira escola, lá no Largo dos Paranhos, no Matatu) e Fonte Nova, aos domingos à tarde e quartas-feiras à noite. Mas a minha primeira lembrança vem da inauguração do anel superior, em 1971. Assistimos ao primeiro jogo (Bahia 1 × 0 Flamengo, gol do cracaço Zé Eduardo) e meu irmão resolveu ir embora quando começou Vitória x Grêmio.

Contato natural com a Fonte Nova — Clara Albuquerque, jornalista

Eu não precisei nem sair de casa para que a Fonte Nova entrasse na minha vida. Era 15 de fevereiro de 1989, e o Bahia disputava o primeiro jogo da decisão do Campeonato Brasileiro de 1988 com o Internacional. Eu tinha cinco anos e meu irmão, sete. Meus pais, torcedores do Bahia, não tinham com quem nos deixar para ir ao estádio, mas minha mãe, apaixonada por futebol, queria muito ir. 

Menos fanático, meu pai, então se ofereceu para ficar em casa comigo e meu irmão enquanto ela gritava, das arquibancadas da Velha Fonte, pelos dois gols de Bobô que garantiriam a vitória ao Bahia. Claro que eu não lembro de muita coisa, mas guardei na imaginação que o lugar para onde minha mãe tinha ido naquele dia só poderia ser mágico. E eu sabia que estava certa antes mesmo de testemunhar pessoalmente aquela magia.

O Ba-Vi mais emocionante da história — Raimundo Gomes Júnior, micro-empresário

Um jogo que nunca vou esquecer é aquele Ba-Vi de 6 a 5 [partida realizada pelo Campeonato Baiano de 2007, disputada em 22 de abril daquele ano, foi o último clássico da velha Fonte Nova]. Saí de casa e peguei o tradicional engarrafamento de dias de clássicos. Dentro do estádio, vi aquelas torcidas inflamadas e gritando os nomes dos times e dos jogadores. 

Quando a bola rolou, o Bahia abriu o placar com Danilo Rios em uma cobrança de falta. Fiquei com raiva, mas mantive a esperança que meu Leão viraria o jogo, porque ainda estava no começo. Depois de muita angústia e sofrimento, veio o alívio com gol de Jackson e, logo em seguida, gol de Índio (o carrasco do jogo). 

Alívio que foi embora minutos depois, com o Bahia virando o jogo com gols de Fausto e Danilo Rios (golaço de falta!). Lembro que nesse dia nem quis sair do lugar que eu estava na arquibancada de tão aflito. O segundo tempo começou logo com um pênalti para o Leão e convertido por Índio. A partir daí, o Vitória partiu para cima e conseguiu mais dois gols: um de Índio e outro de Apodi. E quando o jogo caminhava para uma vitória tranquila, o Bahia empata em três minutos: gols de Fabio Saci e Rafael. Lembro que, na comemoração, o Rafael Bastos imitou a tradicional flechada que o Índio fazia para comemorar seus gols. 

Depois do empate, boa parte da torcida do Vitoria, inclusive eu, já estava saindo do estádio quando se ouvem gritos de gols. Voltei correndo e, quando vi, o Índio tinha feito um gol no minuto final. Depois desse jogo, aprendi que, com o Leão, é sempre assim. Tem que acreditar até o fim. A emoção era tamanha que as lágrimas de felicidade escorriam pelo rosto por ter vencido mais um clássico na Fonte “Nossa”, palco de grandes jogos.